No ano de 1997 resolvemos adquirir uma pequena propriedade rural para servir de casa de campo, queríamos uma terra que fosse localizada onde tínhamos algum laço e fizemos a opção por um local próximo ao lugar onde o Tomás nasceu.
Outro fator importante que buscamos foram as características ambientais, queríamos um lugar preservado, com riquezas naturais e água em abundância.
Procuramos no povoado de Antunes, distrito de Marliéria. Foi amor à primeira vista quando vimos o terreno que pertencia a dona Maria Clara, uma matriarca que criou a família no local e desejava comprar uma casa na área urbana de Marliéria. Negociamos e contamos com a ajuda de amigos para intermediar a compra e emprestar parte do dinheiro para a aquisição da terra.
Na época tivemos que vender o nosso carro, um Escort ano 1993. A nossa filha, que na época tinha 3 anos, chegou pra gente e falou: “Vende meu ecote não papai”. Quando concluímos o negócio, a dona Maria Clara comprou a sua casa na cidade e ficamos com a desejada propriedade.
Foram muitas idas ao sítio com as crianças novinhas. Nessa época tínhamos a disposição para hospedarmos numa pequena casa de pau a pique, que usamos por muito tempo até termos condições de construir a casa atual. Atualmente, essa casa foi transformada no centro histórico Águas Claras e hoje constitui um dos grandes atrativos do sítio, com peças que são verdadeiras relíquias e que permitem ao visitante uma viagem ao tempo.
Passaram-se os anos e fomos construindo a estrutura do sítio, sempre com bastante dificuldade, pois além de cuidar do sítio, tínhamos três filhos para educar e criar.
Cada tijolo foi colocado aos poucos e fomos estruturando o sítio. Construímos a casa, piscina, campo de futebol, pomar e poços de peixe.
No início fomos bastante criticados, algumas pessoas achavam que sítio tinha que ser adquirido quando estivéssemos aposentados,mas não concordávamos com isso, pois sendo jovens tínhamos energia e recursos para estruturar o local, sem receio de comprometer nossa renda no futuro. Dessa forma, ao nos aposentarmos, poderíamos ter uma fonte alternativa de ocupação, lazer e renda.
Outra crítica que recebemos foi que nosso sítio apresentava uma grande área de matas, mas sempre tivemos uma visão que a área preservada seria muito valorizada no futuro e hoje é um atributo muito admirado pelos visitantes.
Como tínhamos uma estrutura e não podíamos usar sempre, resolvemos alugar para pequenos grupos em finais de semana, o que passou a nos ajudar nos custos de manutenção. No princípio tínhamos pouco a oferecer aos nossos hóspedes, apenas um banheiro na casa nova e um banheiro precário na casinha, camas velhas e pouco confortáveis.
Também não tinha nenhuma forma de comunicação, a água era de uma pequena cisterna que precisava ser tratada, enfim, um grande desafio. O interessante é que mesmo com as limitações as pessoas gostavam muito do sítio e, apesar da infraestrutura precária, os atributos ambientais sobrepunham à falta de conforto.
Em 2015 resolvemos fazer um plantio comercial de palmito, uma ideia da Zélia, que participou de um curso na semana do fazendeiro da Universidade Federal de Viçosa. Fizemos o plantio e superamos muitos desafios para conseguirmos transformar o palmito pupunha em uma das atividades econômicas mais importante do sítio.
Com a mudança dos filhos para estudarem em universidades em Viçosa e Belo Horizonte, o sítio passou a ser pouco utilizado, viajávamos para BH, Viçosa e para Vermelho Novo, cidade natal de Zélia, e tínhamos que tomar uma decisão para não tornar o sítio inviável, já que o custo com a manutenção é alto.
Foi aí que decidimos profissionalizar nossa atividade de hospedagem, para isso procuramos ajuda ao SEBRAE e fomos atendidos através do SEBRAETEC. A primeira ação foi criar a marca do sítio, mudamos o nome de Recanto Águas Claras, nome este que provocava confusões com o bairro de mesmo nome na cidade de Santana do Paraíso, para Sítio Doce Sítio. O novo nome foi pensado com apoio do SEBRAE e da empresa POP Artes, e foi decidido por fazer alusão ao Parque estadual do Rio Doce, e referência aos doces e ao palmito que produzimos.
Nessa nova fase foi preciso contratar grandes profissionais. Entre os muitos, podemos citar Pedreiros, carpinteiros, marceneiros e até um escultor. O paisagismo foi cuidado com grande carinho por grandes profissionais e o sitio sempre bem cuidado e organizado por pessoas incríveis.
Com isso conseguimos mudar a concepção do sítio. Hoje temos um espaço desejado que oferece aos hóspedes conforto e tranquilidade.
Temos água de alta qualidade, uma internet que permite aos visitantes fazer uma conexão com a natureza e com o mundo através das redes sociais.
Além disso, o nosso espaço permite ao hospede trabalhar em regime de home office, tudo isso aliado a um ambiente tranquilo, seguro e com muitos atributos ecológicos.